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Em peça, Lorène Bihorel investe em poesia e música por meio da areia

Publicado em: 31/08/2019 - 12:00
Em peça, Lorène Bihorel investe em poesia e música por meio da areia

Debruçada sobre uma mesa de luz, a francesa Lorène Bihorel transforma o teatro em uma sala de mágica. Não há chapéus com coelhos, lenços vermelhos nem caixas com facas, apenas areia. Com a ajuda de sons e de uma habilidade aperfeiçoada ao longo dos últimos sete anos, ela mergulha em uma viagem na qual há dezenas de histórias a serem contadas, todas encadeadas pela poesia, pelos efeitos visuais relativamente simples e pela música. Sonhos na areia, em cartaz neste sábado (31/8) na programação do Cena Contemporânea, é um convite para passear em um universo muito particular e delicado, no qual a mão da artista está a serviço da contação, mas também é responsável por uma arquitetura que envolve o desenho na areia.

Filha de um casal de pintores, Lorène aprendeu a desenhar de forma autodidata ainda na infância. Aos 15, descobriu o desenho na areia graças a um vídeo de uma artista ucraniana. Ali, como se fosse mágica, a menina, capaz de passar dias debruçada sobre um desenho, se encantou com a possibilidade de fazer e transformar os traços em questão de segundos graças à maleabilidade da areia. Ainda adolescente, ela também se interessava pelo teatro e acabou por ingressar em uma escola de artes dramáticas, mas era tímida demais para subir ao palco.

Lorène passou alguns anos trabalhando com animação em asilos, sessões durante as quais interagia com idosos e nas quais aprendeu a ter mais autoconfiança. Um dia, ela redescobriu o vídeo da ucraniana e o rumo do trabalho mudou. “Quando comecei a desenhar com areia, não sabia ainda que isso se tornaria um espetáculo.Na época eu era ainda muito jovem para imaginar fazer algo com isso. Descobri essa técnica há sete anos”, lembra. “A areia permite dar vida ao desenho, é um material muito reativo e que permite o nascimento do desenho muito rapidamente. É delicado de controlar, mas quando encontramos os gestos certos, conseguimos fazer um desenho animado ao vivo.”

Com ajuda do também artista Djoé, ela construiu o material necessário para montar um espetáculo, um conjunto com mesa de luz e iluminação muito específicos. “Foi graças a esse amigo que conseguiu construir o material do qual eu necessito, à medida que eu descobria os desafios da técnica. Nós nos lançamos nesse projeto de repente e a aventura começou”, conta a artista, que faz mistério sobre o conteúdo das histórias que contará hoje no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Sonhos na areia é composto de uma dezena de histórias que se encadeiam em um universo poético, onírico e divertido. “Tenho vontade de fazer o espectador sonhar, de surpreendê-lo. As histórias são o suporte de todas as transformações visuais que a técnica do desenhos sobre a mesa oferece”, avisa a artista. E quais são as histórias? “Surpresa! Como o espetáculo é muito visual, não é evidente contar as histórias sem desvelar as surpresas. O mais surpreendente é ver os desenhos se transformarem e isso não dá para contar, é preciso ver”, responde. Mas vai uma dica: o que faz Lorène sonhar é a música, a natureza e o céu. “E um monte de outras coisas da vida”, garante. E o que inspiram as histórias são narrativas inspiradas em Cleópatra, Aladim e o conto do imperador e do rouxinol.

Nessa construção, a luz e a música têm papéis fundamentais. Elas são responsáveis pelo movimento, pelas texturas e pela criação de um universo particular. “Quanto mais areia eu coloco, mais a imagem é escura, são como sombras chinesas. A música vem para dar uma atmosfera, ela permite uma imersão completa nas histórias”, diz Lorène. É preciso estar preparado, enquanto espectador, para a efemeridade do conjunto. A beleza dos desenhos se desfaz com muita facilidade, já que uma forma leva a outra e é nessa sucessão de imagens que a narrativa ganha corpo. “Às vezes, os espectadores ficam frustrados de ver os desenhos se apagarem e, no entanto, é também isso que cria uma excitação e que nos faz estarmos plenamente presentes em relação ao que é representado. Para mim, é um jogo divertido porque eu sei para onde quero levar o espectador, eu sei que apago um desenho para dar lugar a um outro, a uma outra surpresa”, avisa a francesa.

Ao longo do tempo, graças à prática, ela adquiriu a habilidade de realizar desenhos de linhas tão finas e precisas quanto aqueles feitos com a ponta de um lápis. A areia é complicada de dominar e boa parte da dificuldade está em encadear uma forma na outra. “É preciso conseguir harmonizar tudo, o ritmo do desenho, o texto, a música, os efeitos sonoros… Uma vez em cena, tudo deve ser muito fluido”, repara a artista, que encara cada apresentação como uma chance de aprimorar a técnica. Sonhos na areia já teve mais de 750 apresentações em vários países e acabou por ganhar o Prêmio do Público no festival Avignon Off, em 2014.

Sonhos na areia

Com Lorène Bihorel. Hoje e amanhã, às 20h, no Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). R$ 40 e R$ 20 (meia)

 Nahima Maciel
 

Comunicado da Redação – Ariquemes Online
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