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MEMÓRIAS: RONDÔNIA TEM UMA DATA PARA REFLETIR

Publicado em: 30/07/2012 - 12:00
MEMÓRIAS: RONDÔNIA TEM UMA DATA PARA REFLETIR

4 de julho de 2009, Rondônia tem uma data para refletir. Que seja uma reflexão sobre sua primeira formação histórica, social e política. Não. Não se trata do Independecy Day, o dia da independência dos EUA. Não e sim, é bom que se frise. Não, porque se fala do Brasil e da Amazônia rondoniense, em particular. Sim, porque se trata da Madeira-Mamoré, um dos mitos fundante 
deste nosso estado, responsável pelos primeiros processos de povoamento e de organização política de uma região que, apenas um ano depois da inauguração da ferrovia, seria denominada Rondônia.  Pois bem. Vamos botar o trem pra correr na “ferrovia do diabo”, inaugurada pelo menos cinco vezes. A primeira vez foi em 04 de julho de 1878. Naquele dia, os norte-americanos da P & T Collins, dirigidos pelo chefe dos engenheiros, Mr. Thomas Collins, um dos dois proprietários desta que foi a maior empreiteira norte-americana e a primeira a realizar uma grande obra fora dos EUA, inauguraram o trecho Santo Antonio/Teotônio, com sete km de trilhos. Foi um desastre. A locomotiva que fez o percurso inaugural praticamente capotou na curva para a vila de Teotônio. Foi uma decepção para a engenharia ferroviária do mundo.
 
2. Mas, passaram-se 29 anos, algumas comissões técnicas, um imperador e cinco presidentes da República, e foi o presidente Afonso Pena o encarregado de cumprir os termos do Tratado de Petrópolis, assinado em 1903 com a Bolívia. Neste contexto, uma nova empresa, com a mesma razão social daquela primeira, mas sob a direção do engenheiro e advogado Percival Farqhuar, vai construir esta que é considerada a maior obra ferroviária do mundo, em tempos de paz – a ferrovia Madeira-Mamoré. A maior e a mais desgraçada, por seus dramas, mortes e falências. Só pra ter uma idéia, sua construção registra o maior número de acidente de trabalho do mundo, até hoje. Pois bem. Percival Farqhuar sabia que uma só empreiteira não ia dar conta de um trecho tão difícil de ser vencido como o da Madeira-Mamoré, uma ferrovia que deveria iniciar no estado do Amazonas, município de Humaitá, percorrer 366 km de floresta – a mais violenta do mundo -, e terminar no extremo oeste do Mato Grosso, na borda da fronteira com a Bolívia.
 
3. Por isso, Farqhuar autorizou ao engenheiro brasileiro Joaquim Catramby a contratar um poderoso consórcio, formado por três empreiteiras (May, Jeckyll & Randolph), para executar a construção da ferrovia. Aqui, vamos dar uma parada no trem só para entender a geopolítica da época. A Madeira-Mamoré, não surgiu como um projeto brasileiro, mas boliviano. Não só boliviano, era norte-americano. As duas fases de sua construção foram tocadas por empreiteiras dos EUA, não apenas por conta do know how, que o Brasil não tinha, mas porque os seus dois proprietários eram norte-americanos (Church e Farqhuar). Não apenas por isso. Mas, a questão do Acre, o Bolivian Syndicate e o projeto comercial e colonizador dos EUA para a Amazônia ainda estavam quentes na memória brasileira.
 
4. Não obstante, o grupo May, Jeckyll & Randolph deu início à construção da ferrovia, após transferir suas instalações do povoado de Santo Antonio até o porto amazonense, que era conhecido como Porto Velho, ou Porto Velho dos Militares. Na época, as empreiteiras ferroviárias norte-americanas adotavam um modo peculiar de festejar o início e o final de suas obras. No início, colocavam simbolicamente um prego de prata no marco zero. No final, um prego de ouro. Mas, a Madeira-Mamoré tinha uma coisa mais especial. Deveria ser um emblema político para a posse territorial e, indiscutivelmente, uma vitória da Bolívia, que havia perdido uma guerra para o Chile, ter seu território das Colônias (o Acre), invadido por brasileiros (civis e militares), ver frustrado seu contrato com o American Bolivian Syndicate, e ter de vender o Acre ao Brasil, em condições que jamais quisera. Nesse caso, a Madeira-Mamoré representava sua vitória e a dos EUA. Por isso e por sentimentos patrióticos, o consórcio resolveu inaugurar a ferrovia no dia 4 de julho de 1907, no marco zero, às margens do rio Madeira, na área do município de Humaitá, AM. Neste dia, começava a surgir o primeiro núcleo de povoamento que daria, dez anos depois, origem à cidade amazonense de Porto Velho. Portanto, passados 102 anos, convém refletirmos sobre o surgimento desta nossa cidade, que, de vila ferroviária norte-americana e povoado brasileiro/libanês, tornou-se uma das mais estratégicas cidades do Brasil e da América do Sul: Porto Velho, de todos nós.
 
Historiador e analista político*
 

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