Recuperar de coronavírus no quarto de Cristiano Ronaldo

Em outubro, Cristiano Ronaldo deu positivo no teste para a covid-19 e teve de se isolar na Casa dos Atletas da Federação Portuguesa de Futebol. Tornou-se, sem o saber, no primeiro paciente do que é agora uma unidade de retaguarda para acolher pacientes na última fase de recuperação depois do vírus.

Os quartos outrora ocupados por futebolistas quanto estavam concentrados com a seleção albergam agora pacientes com covid que, tendo passado pelo pior do vírus, ainda não têm condições para regressar a casa e precisam de um lugar onde continuarem isolados sob supervisão médica.

"São pessoas de baixo risco mas com doenças como diabetes ou hipertensão", disse à Efe Rafic Nordin, diretor-executivo da Autoridade Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que gere toda a parte médica da unidade.

Com uma capacidade de até 48 pacientes, chegou a ter picos de mais de quatro dezenas de doentes, embora atualmente acolha apenas cerca de 20, a grande maioria idosos em idade avançada.

ALIVIAR A PRESSÃO DOS HOSPITAIS

Os mais de 3.800 metros quadrados da Casa dos Atletas, localizada em Oeiras, foram cedidos pela Federação no passado mês de janeiro, quando a terceira vaga afogou os hospitais desta região.

Para aliviar a pressão e deixar camas livres para os mais graves, decidiu-se dar alta a pacientes praticamente recuperados mas que ainda precisam de vigilância médica.

"Temos permanentemente dois médicos e quatro enfermeiros", assinala um dos membros desta equipa, o doutor Hélder do Carmo.

Se surgem complicações, voltam imediatamente ao hospital. É o caso de um senhor de 92 anos que acaba de ser transferido ao Hospital Francisco Xavier de Lisboa por uma fibrose auricular, conta o médico.

Mas a maioria sai pela porta da Casa dos Atletas rumo à sua casa ou lugar de residência.

"Se ficam durante uns dias, têm toda a vigilância necessária, de enfermaria, vigilância médica… E temos também a Segurança Social, que dá apoio em casos de pessoas que depois têm que ir a algum lar ou outra estrutura", assinala Nordin.

Há casos de idosos que, embora tenham vencido a doença, têm que esperar pelo teste negativo para poderem voltar a entrar num lar, pelo que precisam de um lugar onde ficar até lá.

COMODIDADE E "MIMOS"

A Segurança Social é outro dos parceiros da iniciativa, encarregando-se também do contacto com as famílias.

"Informamos do estado de saúde dos internados, fazemos a articulação com as famílias para o que seja necessário levar às pessoas internadas, como roupa ou medicação. Também tentamos dar-lhes mimos quando é possível e fazer uma videochamada", conta à Efe Cristina Magalhães, do Instituto da Segurança Social.

A Federação encarrega-se de toda a parte logística, como a limpeza, a manutenção, a segurança e até o serviço de cozinha, pois é o chefe da seleção quem alimenta os pacientes.

"No espaço de uma semana fizemos um pequeno milagre e transformamos com toda a equipa uma unidade que foi feita para albergar atletas", explica Cláudia Poças, diretora da Cidade do Futebol, o complexo onde se encontra a Casa dos Atletas, que fala de um "pequeno milagre".

A ideia veio da própria Federação, que ofereceu as instalações ao Ministério da Saúde. "Estamos aqui há quatro anos e nunca imaginei que tivéssemos de transformar as nossas infraestruturas numa unidade de retaguarda", diz Poças.

Não falta conforto aos pacientes: são recebidos nos quartos por um saco de ofertas da Federação, uma televisão panorâmica e um terraço com vista para os campos de futebol do complexo.

Todos os quartos têm uma casa de banho privada com um grande chuveiro e dispensadores de sabão com o logótipo da Casa dos Atletas.

O último presente chega no momento da alta. Quando saem, os pacientes levam para casa uma camisola da seleção portuguesa com o seu nome nas costas.

"Não o imaginávamos, mas foi a cereja no topo do bolo. Saem muito felizes por levar uma camisola", diz Poças, que não fala de pacientes mas sim de "campeões".

A Casa dos Atletas vai continuar a acolher pacientes pelo menos 8 de março, embora tudo dependa do avanço da situação no país.

Comunicado da Redação – Ariquemes Online
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