Ariquemes / RO - domingo, 19 de maio de 2024
(69) 99929-2272

Ataque ao Capitólio: o ato da extrema-direita que foi a perdição de Trump

Publicado em: 09/02/2021 - 12:00
Ataque ao Capitólio: o ato da extrema-direita que foi a perdição de Trump

Membros da extrema-direita, supremacistas brancos e conspiradores invadiram o Capitólio -sede do Congresso dos Estados Unidos- a 6 de janeiro, passando da semiclandestinidade da internet para uma luta aberta e apoiada pelo agora ex-presidente Donald Trump, que nesta terça-feira passará pelo seu segundo julgamento político.

Em vez de pertencerem a um movimento uniforme, porém, os invasores formavam uma massa heterogénea, mobilizada por teorias da conspiração e pela extrema-direita.

"Havia várias facções envolvidas na tentativa de golpe de Estado no Capitólio. A maior era de simpatizantes conservadores de Trump que acreditavam, ao contrário das provas, que houve fraude massiva nas eleições de 2020. Viam-se como defensores da democracia americana", disse à Efe Steven Gardiner, analista do 'think tank' Political Research Associates.

Estes manifestantes não planearam com antecedência invadir a sede do Congresso, simplesmente seguiram os militantes de alguns grupos que tomaram a iniciativa.

QANON, UMA BATALHA CÓSMICA ENTRE O BEM E O MAL

A segunda ala era de pessoas que acreditam no QAnon, uma teoria de conspiração que alega que as elites do governo, de Hollywood e do Partido Democrata formam uma "quadrilha pedófila satânica".

"Na visão da QAnon, o ex-presidente Trump era uma espécie de figura salvadora, que iria expor esta quadrilha demoníaca e salvar os EUA. Para eles, a questão foi além de uma eleição roubada, foi uma batalha cósmica entre o bem e o mal", disse o analista.

O terceiro segmento foi a direita paramilitar representada por organizações como Proud Boys, Oath Keepers e Three Percenters, que tinham "um plano de alterar o dever constitucional do Congresso de endossar os resultados das eleições", de acordo com Gardiner. Para o analista, embora estivesse em menor número entre as três alas, foi essa que liderou a invasão.

Os três tipos de manifestantes tinham um ponto em comum: uma ideologia de extrema-direita e uma percepção de si mesmos como vítimas da mudança demográfica num país cada vez mais diversificado.

Para Daryle Lamont Jenkins, diretor executivo da ONG One People's Project, que monitoriza grupos extremistas, os fundamentos do ataque ao Capitólio datam da chegada à Casa Branca do primeiro presidente negro da história dos EUA, Barack Obama.

"Quando Obama foi eleito, ouviu-se uma geração de conservadores a especular sobre como é que permitiram que isso acontecesse", disse Jenkins à Efe.

De acordo com ele, "há um tipo do movimento Boogaloo (que deseja uma insurreição violenta) chamado Paul Miller que diz que a segunda guerra civil (nos EUA) acontecerá se a direita não achar que pode ganhar mais eleições nacionais e que verá a mudança demográfica como um catalisador".

TRUMP AMPLIFICOU VOZ DA EXTREMA-DIREITA

Durante o mandato de Obama surgiu o movimento conservador Tea Party, que ajudou a promover um pensamento radical da direita e durou até 2016, quando Trump ganhou a disputa pela presidência.

A professora Shannon Reid, da Universidade da Carolina do Norte, estuda o comportamento dos jovens nesses grupos extremistas e vê que Trump foi o presidente que "levantou muitas dessas vozes", que até então passavam despercebidas.

Organizações como essa já existiam há décadas -nos anos 80 e 90 houve um forte impulso para o nacionalismo branco-. Mas, graças às ações judiciais movidas contra elas, tiveram a sua atuação transferida para a internet.

Com Trump houve a "tempestade perfeita" para trazê-las de volta à luz. O ex-presidente "usou uma retórica que foi dita e repetida por esses grupos, que foram capazes de usá-la como símbolo. É quase como 'podemos ser mainstream agora'", comentou Reid.

Por sua vez, Jenkins citou como exemplo a frase "deem um passo atrás e estejam preparados", dita por Trump em relação aos Proud Boys durante um debate da última campanha eleitoral, quando o moderador e o então candidato democrata Joe Biden lhe pediram que condenasse os supremacistas brancos.

"Esse foi o sinal para todos aqueles Proud Boys ("rapazes orgulhosos") que estavam lá fora a ouvir e disseram 'ok, temos a aprovação do presidente'. E por isso vimos confrontos, começaram a atacar as pessoas em 14 de novembro após um protesto (de apoiantes de Trump em Washington)", disse.

A crise da covid-19 e a alienação que esta pode ter causado em algumas pessoas contribuíram para a recente ascensão desses grupos, que oferecem ao indivíduo uma espécie de comunidade que o acolhe.

DO CAPITÓLIO PARA AÇÕES LOCAIS

Mesmo com Trump fora do poder e encarando a possibilidade de ser condenado, Reid não vê esse tipo de organização a desaparecer e prevê que os seus membros mais jovens, de 14 a 25 anos de idade, mitifiquem o ataque ao Capitólio e falem sobre ele a outros, mesmo que não tenham participado.

"A minha preocupação é que no âmbito local possamos ver esses grupos a tentar recriar esses momentos, porque provavelmente não terão os números para outro ataque no Capitólio, já que foi uma ação que reuniu muitos grupos", disse.

Embora a maioria dos membros, especialmente os mais jovens, estejam nesses grupos porque lhes dá um lugar de pertença, alguns têm aspirações políticas. O objetivo é o fascismo puro e simples.

"Nem é conservadorismo, porque o fascismo os ajuda a regular a sociedade da maneira que eles querem, e isso inclui expulsar as pessoas dessa sociedade, seja pela força ou pacificamente", afirmou Jenkins.

O fenómeno, de acordo com ele, não afeta apenas os EUA, mas o mundo.

"Isso acontece em todos os lugares, e definitivamente aconteceu na América Latina. Esses tipos com quem estamos a lidar aqui nos EUA olham para (o ex-ditador chileno) Augusto Pinochet em busca de inspiração", refletiu.

Por Susana Samhan

Comunicado da Redação – Ariquemes Online
Site de notícias em Ariquemes, aqui você encontra as últimas notícias de nossa cidade e ainda Porto Velho, Alto Paraíso, Buritis, Cacaulândia, Monte Negro, Rio Crespo, Cujubim, Machadinho do Oeste, Campo Novo de Rondônia, Vale do Jamari e demais municípios de Rondônia. Destaque para seção de empregos e estágios, utilidade pública, publicidade legal e ainda Eleições 2024, Web Rádio, Saúde, Amazônia. Ariquemes Online, desde 2007 informação sem fronteira, anuncie conosco e tenha certeza de bons negócios.

Siga o Ariquemes Online Nas Redes Sociais

Desenvolvido por Argo Soluções

::: PUBLICIDADE - ARIQUEMES ONLINE 2024 :::