Zona Franca de Manaus a beira de um ”ataque de nervos”

Manaus – A produção da indústria amazonense amargou o pior resultado desde abril de 2009, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dados da entidade apontam que o Estado registrou uma queda de 14,9% em julho de 2012 em comparação com o mesmo mês do ano passado, o quarto resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto e a maior retração do País.

Somente nos primeiros sete meses do ano, o setor industrial também mostrou recuo de 7,6%, novamente a maior queda do Brasil, e acentuou o ritmo de desaceleração frente ao fechamento de igual período do ano passado.

Dentre as 11 atividades pesquisadas, oito apresentaram redução na produção, com destaque para os impactos negativos, ficando a maior para ‘outros equipamentos de transporte’, com 52,5%. Segundo o IBGE, essa queda foi pressionada pela concessão de férias coletivas em empresas do setor.

Apresentaram números negativos os setores de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (-16,6%), refino de petróleo e produção de álcool (-73,7%), conforme o instituto, “por conta da paralisação para manutenção em unidades produtivas”, além do segmento de edição, impressão e reprodução de gravações (-14,1%).

“Nesses setores, destacaram-se, respectivamente, os recuos na fabricação de motocicletas e suas peças, telefones celulares e televisores, gasolina automotiva, óleo diesel e outros óleos combustíveis, e discos de vídeos (DVD) e CDs. Por outro lado, as influências positivas vieram dos setores de alimentos e bebidas (10,0%) e de máquinas e equipamentos (14,7%) impulsionados, principalmente, pelo avanço na produção de preparações em pó e em xarope para elaboração de bebidas e refrigerantes, no primeiro ramo, e fornos de microondas e condicionadores de ar, no segundo”, explica o IBGE.

Fieam faz apostas para o fim do ano

Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, as dificuldades no Polo de Duas Rodas, pelo baixo índice de liberação de crédito foi crucial para o resultado ruim. “Conforme o anúncio do (secretário executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – Mdic) Alessandro Teixeira, deve ser feito um estudo com os bancos particulares. Com isso teríamos um efeito cascata positivo, com benefícios não só para o setor de motocicletas, mas também na linha branca”, destacou Silva.

De acordo com Silva, nesta segunda metade do ano haverá um aquecimento por causa dos pedidos de fim de ano, o que pode melhorar os números do Estado. “No primeiro semestre não houve consumo esperado, a demanda não aconteceu. A única coisa que está crescendo é a indústria automotiva”, disse.

Para o vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-AM), Francisco de Assis Mourão Júnior, a queda no polo de informática, a saída de algumas empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) e a crise no setor de Duas Rodas causaram as perdas na produção.

O economista analisou que o PIM precisa se diversificar, para não ficar dependente de alguns setores. “O polo agropecuário nunca saiu do papel. Temos que implantar outros polos para não ficarmos dependentes. O naval e o moveleiro já se movimentaram”, acrescentou Mourão Júnior.