Amazonas prepara ‘força-tarefa’ para incrementar exportações

Manaus – Na tentativa de conquistar mais investidores para o Polo Industrial de Manaus (PIM) e ao mesmo tempo equilibrar a balança comercial do Amazonas, a Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico (Seplan) montou uma equipe especial que vem realizando visitas à empresas nacionais e internacionais. Implantado desde o final do ano passado, o processo tem como alvos iniciais indústrias dos setores naval, construção civil, eletroeletrônico e componentista.

O primeiro resultado dessa empreitada foi a atração da Polimix Concretos, que teve o projeto anunciado na última reunião do Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam). A nova fábrica investirá R$ 108 milhões para produzir 440 mil toneladas de cimento anualmente, o que irá gerar 70 novos empregos diretos e cerca de 200 indiretos.

Depois de uma negociação que durou um ano, a vinda da empresa mineira promete eliminar o monopólio da produção de cimento no Estado, motivo da insistência da Seplan.

Assim como essa atração que viabiliza a competitividade e prevê a redução no custo do cimento, a prospecção de produtos e insumos ainda não fabricados no PIM é o foco da equipe da Seplan, segundo o secretário adjunto de Política Industrial da Seplan, Appio Tolentino. “Começamos estudando a pauta de importação e exportação da Zona Franca, procuramos o que importamos mais de insumos, para trazer fábricas de componentes, o que importamos mais de produtos na área comercial e vamos atrás de quem fabrica”.

Visitas

Além de Estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Pará e Alagoas, a equipe do governo já realizou visitas a países como Panamá e Turquia e possui uma viagem prevista para a China. “Na Navalshore (feira internacional do Polo Naval), contatamos várias empresas estrangeiras que fabricam embarcações e já estamos recebendo visitas, em agosto, recebemos, por exemplo, empresas holandesas”, adiantou.

Durante a participação na 9ª edição da Navalshore, no início de agosto, o Estado anunciou o projeto de implantação da primeira etapa do Polo Naval do Amazonas, que tem investimento estimado de R$ 1 bilhão e geração de 20 mil empregos.

O projeto prevê a execução de dois grandes estaleiros, seis médios estaleiros e mais 60 estaleiros de pequeno porte, construídos em uma área de38,8 quilômetrosquadrados.

Segundo Tolentino, as visitas da equipe da Seplan consistem em expor os atrativos do PIM. “É um trabalho de apresentação de vantagens comparativas, capital não tem pátria, o empresário vem pra onde tem mais segurança jurídica e o capital dele é melhor aproveitado, a determinação é manter o que tem, trazer empresas novas e levar desenvolvimento para o interior, fortificar o modelo Zona Franca de Manaus”, afirmou.

Nesse processo de busca de novos investimentos, a equipe decidiu apresentar a ZFM agregando todos os benefícios que podem ser concedidos na região. “Algo que estamos fazendo e dá resultado é concentrar as informações, mostrar toda atratividade do modelo, os benefícios concedidos por governo federal, Estado, Suframa, Sudam… Juntamos esforços para chegar com o pacote feito, mostrando que não é complicado vir pra cá”, disse.

Equipe especial

A prospecção é executada por uma equipe de seis técnicos da Gerência de Promoção Comercial e Atração de Investimento da Seplan que faz parte do Departamento de Políticas para Setor Terciário (DPST). “Desde quando o Airton (Claudino) assumiu a secretaria estamos com esse trabalho, já vínhamos planejando, tinham sido feitos os estudos de como poderíamos trabalhar, profissionalmente, na atração de investimentos”.

A preparação do grupo multidisciplinar da Seplan contou com a participação nas reuniões da cultura exportadora do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). “A equipe é formada por pessoas que tem mais de uma faculdade, todos tem pós-graduação, são engenheiros, advogados, economistas, administradores… Tratamos direto com os diretores da empresa, que são quem decide se a empresa virá”, explicou.

Novos mercados para a Zona Franca de Manaus

Além da atração de indústrias para diminuir as importações, a secretaria estadual planeja a expansão das exportações. “Vamos fazer um estudo de tudo que produzimos, colocar numa linguagem comercial e vamos tentar abrir mercado para a Zona Franca”, disse Appio Tolentino. O alvo inicial desse projeto são países sul-americanos. “Quando completarmos esse estudo, vamos visitar outros países, temos 100 milhões de consumidores aqui em cima, Colômbia, Bolívia, Venezuela…”, afirmou.

O secretário executivo da Seplan enxerga o momento de crise financeira internacional como uma oportunidade. “É nessa hora que temos que fazer um trabalho forte de atração de investimentos, nos colocar para atrair investimentos estrangeiros, mostrar a vantagem comparativa da Zona Franca em relação às outras regiões do País, mostramos números, que aqui é mais viável, dando segurança e retorno para o investidor, tornar a ZFM atraente e divulgar isso”, disse.

O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, avalia a iniciativa da secretaria como benéfico para o modelo. “É papel da Seplan buscar ‘vender’ o Amazonas, atrair novos investimentos, vendendo quais são os benefícios, incentivos, o que o Estado tem de positivo para oferecer ao investidor”, afirmou. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) Antônio Silva ressaltou a sintonia entre indústria e governo. “Estamos tendo uma linha de entendimento entre a iniciativa privada e o poder público de forma geral sempre buscando a melhoria e a fixação dos empregos”, disse.

Números

As exportações do Amazonas registraram incremento de 5,34%, de janeiro a agosto deste ano. Segundo os dados do Mdic, as mercadorias exportadas somaram US$ 611.979 milhões no acumulado desses meses contra US$ 579.264 milhões, em igual período do ano passado.

Tanto nesse intervalo de 2011 quanto de 2012, os produtos do PIM mais exportados foram concentrados, motos e aparelhos de celular. As três mercadorias tiveram crescimento no nível das vendas externas, de um ano para o outro. Os principais ‘clientes’ dos produtos fabricados no polo são os países sul-americanos. De acordo com informações, Argentina, Colômbia e Venezuela concentram a maioria das compras.

Somente em agosto de 2012, as exportações no Estado somaram US$ 94,7 milhões, equivalente a US$ 15,6 milhões a mais em comparação ao vendido para fora do País no mesmo mês do ano passado (US$ 79 milhões).

Comunicado da Redação – Ariquemes Online
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