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A Terceira Margem – Parte CLXXVIII – Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte LIV – Codajás, AM – Anamã, AM

Publicado em: 23/03/2021 - 12:00
A Terceira Margem – Parte CLXXVIII – Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte LIV – Codajás, AM – Anamã, AM

Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte LIV

 

Codajás, AM – Anamã, AM

 

Ao passar pela Boca do Purus, minha memória, madrugando no passado, recolheu, no arquivo ancestral, a imagem de dois ícones de nossa história, em outubro de 1905, navegando no vapor Rio Branco, singrando este mesmo Rio tendo como destino Manaus. José Plácido de Castro Comandante vitorioso do Movimento Revolucionário Acreano que resultou na incorporação das terras “ditas” bolivianas ao Brasil e Euclides da Cunha que chefiara a “Comissão Brasileira de Reconhecimento do Alto Purus”, cuja missão era mapear o Rio Purus desde a Foz, no Solimões, até suas cabeceiras, definindo as fronteiras do país com a Bolívia e o Peru.
(Hiram Reis – Descendo o Solimões)

 

Novamente os cordiais Policiais Militares nos apoiaram na hora da partida. Quando chegamos ao flutuante do “Pisca”, ele já estava a postos para que pudéssemos carregar, na lancha “Mirandinha”, o material que ficara sob seus cuidados. Eu visitara Codajás, AM, pela primeira vez em 2009 e ao deixá-la para trás constatei consternado o retrocesso de uma Cidade que regrediu consideravelmente em todos os aspectos, apresentando uma triste realidade que parece ser a tônica das cidades do Rio Solimões pelas quais passamos diferentemente do que observamos no Juruá.

 

 

05.03.2013 – Partida para Anamã

O Mário ficou arrumando as tralhas na lancha e eu e o Marçal iniciamos nossa jornada. A noite emprestava à paisagem um toque de magia e mistério, eu me orientava pela claridade da Cidade que ainda dormitava preguiçosamente e pelas luzes das embarcações que desciam placidamente o formidável manancial.

 

Os primeiros raios solares só surgiram no horizonte matizando as diáfanas nuvens depois de termos remado hora e meia. Ao raiar do dia, cruzamos por uma embarcação da Marinha do Brasil, a P20, que realizava manobras na área. O dia transcorreu sem grandes alterações, o calor era insuportável e foi necessário reabastecer nossos cantis por três vezes.

 

 

O Lendário Rio Purus

Avistamos a Boca do Purus e, antes de entrarmos em um Furo que conduzia à Cidade de Anamã, solicitei ao Mário que fizesse algumas tomadas da Boca do lendário Rio Purus. Como em 2009, cruzamos, novamente, pelas enormes alfaces d’água (Pistia stratiotes) de mais de 50 cm de diâmetro do Purus.

 

Pela Foz do Purus haviam passado alguns desbravadores em busca do conhecimento e da fortuna, muitos em busca da simples sobrevivência, idealistas buscando estender nossas fronteiras pela força do direito, e guerreiros tentando fazê-lo pelo direito da força. O Purus não é apenas um Rio, mas um protagonista que, junto com homens de grande valor, gravou páginas de glória na história da nossa nação.

 

Homens que enfrentaram o desconhecido, que subjugaram a mata, que a analisaram, estudaram, mas também homens que tiveram suas vidas arrebatadas pela força da natureza e cujos destinos foram manipulados inexoravelmente pelas titânicas energias telúricas. O Purus merece nosso respeito pelo que foi, pelo que é e pelas contraditórias passagens levadas a efeito na sua calha.

 

Um Rio patriota que guarda nas suas águas as imagens imaculadas de um Plácido de Castro e de um Euclides da Cunha. Um Rio de ambição e sem consciência, que reflete as carrancas dos ambiciosos seringalistas que escravizaram os seringueiros nordestinos e suas famílias. O Purus pré-histórico é tudo isso e muito mais. Nas suas calhas, foram descobertos os restos de gigantescos animais, como o “Purusaurus brasiliensis” de 15 a 20 metros de comprimento que dominava as águas do Lago Pebas. O Purusaurus viveu de 5 a 6 milhões de anos atrás e provavelmente foi o maior dos crocodilianos gigantes extintos. Nosso preito de respeito a esta artéria viva da nacionalidade brasileira que reflete, nas suas águas, a pujança de uma raça do porvir, alicerçada no invulgar passado, mas com os corações e mentes voltados para o futuro.

 

 

 

Anamã

O Furo, indicado ao Mário por um ribeirinho, diminuía consideravelmente a distância até Anamã e por ele enveredamos. As águas do Solimões penetravam velozmente pelo Furo e, chegando ao Lago, já tinham empurrado as águas negras mais para o interior, tingindo-o totalmente com suas águas leitosas.

 

Depois de remar uns dez minutos, avistamos a Cidade das originais e multicoloridas casas de madeira, ao fundo, e picamos a voga para atingi-la. Remamos direto para o Porto de Anamã que, por sinal, encontra-se em péssimo estado de conservação.

 

Guardamos nossos materiais em um flutuante da Prefeitura, sob custódia do “Vovô” e contatamos o Cabo PM Evandro Carreira, que nos levou até o Hotel e, às 19h00, até o restaurante do “Soldado” que a Prefeitura havia-nos igualmente franqueado.

 

 

 

Anamã e a Enchente de 2012

A maior enchente em mais de cem anos castigou uma das mais belas cidades do Estado do Amazonas. A alagação colocou o Município de Anamã em situação de emergência já que 100 % das ruas da Cidade estavam debaixo d’água e mais de 800 casas tinham sido inundadas, sendo que mais da metade delas precisou utilizar do recurso do assoalho levantado.

 

A maioria das casas de Anamã é de madeira e sua arquitetura requintada, riqueza de detalhes e pinturas vivas chamam a atenção de quem a visita. Os marceneiros locais são muito hábeis e os acabamentos originais raramente repetidos. As marcas das águas nas paredes das residências não deixam dúvidas do estado de calamidade que assolou a pequena Anamã. Verificamos muitas obras sendo executadas e esperamos que o pico da cheia que se avizinha não venha a causar mais transtorno aos seus moradores. 

 

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