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A Terceira Margem – Parte CLXXVII – Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte LIII – Coari, AM – Codajás, AM

Publicado em: 22/03/2021 - 12:00
A Terceira Margem – Parte CLXXVII – Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte LIII – Coari, AM – Codajás, AM

Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte LIII

 Coari, AM – Codajás, AM

 

Solicitamos o apoio de uma viatura da Polícia Militar para nos levar do Hotel LH até o Flutuante Mer­cadinho Paulão, de propriedade do Sr. Paulo Lopes de Oliveira. Estávamos desembarcando as tralhas e o Sr. Paulo veio, pessoalmente, abrir o depósito onde deixá­ramos o motor rabeta e outros materiais.

 

03.03.2013 – Partida para Codajás

Partimos, eu e o Marçal, às 04h45, deixando o Mário para trás arrumando os badulaques na lancha Mirandinha. Iríamos enfrentar o maior percurso desde a Foz do Breu (141 km) e precisávamos iniciar cedo nosso deslocamento. Remamos lentamente afundando nossos remos nas negras águas do Lago Coari e fomos aos poucos aumentando o ritmo e deixando para trás as luzes da Cidade. Quando desci o Solimões, de Tabatinga a Manaus, em janeiro de 2009, fui muito bem recebido pelo Major PM Denildo e os Secretários do Prefeito de Coari, recém-eleito. Acompanhado por eles, conheci a Cidade do Gás e informado dos diversos projetos que seriam levados avante pela nova administração. É com tristeza que verifico que muito pouco foi feito, defini­tivamente a Cidade estava muito menos atraente do que há 4 anos. O Sol só apareceu quando nos encontrávamos próximos à Boca do Lago Mamiá, as águas rápidas do Solimões facilitavam o deslocamento e estávamos confiantes em atingir Codajás antes das 17h00.

 

Quando passamos ao largo da Comunidade São Francisco do Camarazinho, fizemos a primeira parada, às 09h00, acostando na Mirandinha, no meio do Rio para abastecer os cantis e comer bananas. Havíamos remado 51 km até então, faltavam só 90. Pedi ao Mário para fotografar a Escolinha onde eu pernoitara, no dia 11.01.2009, a decadente Escolinha de então tinha sido reformada, pintada e ganhara novo telhado.

 

Depois do breve descanso, continuamos nossa jornada. Até então o dia nublado bloqueara os raios solares propiciando uma manhã bastante agradável. Parecia que São Pedro estava disposto a colaborar com nossa progressão.

 

Remamos por mais uma hora e começamos a prestar a atenção nas plúmbeas nuvens que se forma­vam à nossa proa. Exatamente às 11h00, a tempestade chegou, mas como estávamos acompanhando sua evolução, já há algum tempo, estávamos próximos à margem e acostamos em uma pequena baía na mar­gem esquerda, aguardando as rajadas mais fortes passarem. Aguardamos apenas uns 10 minutos antes continuar, os ventos de proa e a chuva eram agora mais fracos e só tínhamos que nos preocupar com os banzeiros. Curiosamente eu enfrentara a pior tempes­tade de minha descida pelo Solimões, em janeiro de 2009, exatamente nesta mesma região:

 

Estávamos a meio caminho quando o tempo fechou, trazendo consigo chuva forte e ondas de 60 cm. Determinei ao Romeu que mantivesse contato visual, não cheguei a colocar a saia, pois conseguia evitar que a água entrasse no caiaque jogando o corpo para trás, evitando que a embarcação afundasse muito a proa.

 

As ondas eram bem menores do que aquelas que normalmente enfrentara no Guaíba e Laguna dos Patos. (Hiram Reis e Silva – Descendo o Solimões)

 

Aqui, também, perdera minha bússola sueca “Silva” que me acompanhara desde os tempos de Aspirante há mais de três décadas. Ela mergulhou celeremente nas águas lamacentas do velho Rio e as notas do “Dies Irae” soaram nos meus ouvidos numa justa homenagem à velha amiga:

 

A velha bússola participara, ombro a ombro, de diversas competições, pistas de orientação, mano­bras, montagem de exercícios, marchas, uma série infindável de momentos, sempre apontando o rumo correto. As imagens de competições de Pelopes, as montagens de pistas de orientação em que ela era minha parceira inseparável e as pistas que juntos executamos, tudo isso veio, na época, à minha mente junto com o som do Réquiem imaginário. O “Réquiem Dies Irae”, de Wolfgang Amadeus Mozart, está envolto por um manto de mistério, romantismo e fantasia. A obra foi encomendada pelo Conde Walsegg-Stuppach, em memória de sua esposa, e Mozart, atarefado e doente, foi compondo o “Réquiem” quando podia, dando mais importância a outras obras. A esposa estava preocupada com a mudança no seu comportamento.

 

Um dia, quando passeava com o marido com intuito de animá-lo, Mozart disse que estava escrevendo o “Réquiem” para si próprio afirmando: “eu não consigo tirar da minha cabeça a imagem desse estranho. Vejo-o constantemente a me perguntar, solicitando-me e implorando-me impacientemente que complete a tarefa, é o meu Réquiem, não o posso deixar inacabado”.

 

Infelizmente a morte interrompeu o mais belo “Réquiem” produzido até hoje pelo maior de todos compositores clássicos. Mozart faleceu no dia 05.12.1791 e, finalmente, o “Réquiem” foi concluído pelo seu discípulo Franz Xaver Sussmayr. (Hiram Reis e Silva – Descendo o Solimões)

 

Enfrentamos banzeiros, com ondas de até um metro, durante boa parte do tempo até nos aproxi­marmos de Codajás. A vantagem é que o Rio agora bem mais estreito aumentava a velocidade das águas permitindo-nos atingir até 17 km/h. Aportamos nas proximidades do Porto de Codajás, às 15h05 – 141 km em 10h20. O Cb Mário, que, a meu pedido, chegara meia hora antes, já acordara com o “Pisca” um flutuante para guardar as embarcações, o material e contatara nossos caros parceiros da Polícia Militar do Estado do Amazonas.

 

Hospitalidade da Polícia Militar

Fomos cortesmente recepcionados pelos Cabos PM Francisco Valmir de Souza Pereira e Gilmar Simplício Nazário. Por mais uma destas amazônicas coincidências, tínhamos encontrado o Cb PM Simplício, na nossa descida pelo Solimões na Cidade de São Paulo de Olivença, AM. A dupla nos levou até o hotel onde pernoitaríamos e, logo depois, o Cabo PM Valmir nos obsequiou com um lauto almoço em sua residência.

 

Os gaúchos se ufanam, e com razão, de serem corteses e hospitaleiros, mas devemos nos lembrar que estas qualidades desconhecem fronteiras. Volta e meia, nas nossas amazônicas andanças, somos brindados com estas tão caras qualidades que não respeitam fronteira, crença ou cor.

 

Plagiando Caetano Braun, o augusto Poeta do meu abençoado rincão – a hospitalidade é um laço bem grosso e de armada grande que Deus trançou, pra que ande, apresilhado nos tentos do coração das “criaturas livres e de bons costumes” de todas as querências!

 

 

Comunicado da Redação – Ariquemes Online
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