Colaborar ou competir?

Colaboração e competição são dois aspectos complementares da condição humana (Josep Lago/AFP/VEJA)

Crianças adoram competir. Inicialmente, elas competem para garantir o seu – o leite, a vez de brincar, o lugar no balanço, o colo da avó que chega. O “ciúme” também leva à competição. “Já sou grande” ou “não sou mais neném” expressam a capacidade de competir em outro nível. Só aos poucos a criança vai aprendendo a entender as vantagens da cooperação e a necessidade de estabelecer regras até mesmo para competir. Jean Piaget foi um dos pioneiros na investigação da origem e desenvolvimento desses comportamentos.

Os adultos não ficam atrás. No processo evolutivo, a competição era essencial para garantir as fêmeas mais interessantes e o quinhão do alimento. Diferentes sociedades, em diferentes contextos, desenvolveram padrões mais ou menos igualitários para distribuir o butim.

O fascínio pelos esportes também revela uma tendência universal pela competição. O espírito olímpico originalmente pode ter acentuado a competição consigo mesmo – ou autossuperação, mas a comparação sempre foi feita com os pares. Mesmo dentre povos primitivos, com uma extensa folha corrida de colaboração, havia concursos, torneios e desafios. A função desses mecanismos é óbvia: estimular e ampliar habilidades úteis e necessárias para a sobrevivência da espécie. Ou estimular o indivíduo a atingir o seu pleno potencial. O “jogo do prisioneiro” ilustra como a decisão de colaborar ou competir é muito mais uma questão de contexto do que de personalidade: é mais negócio colaborar quando ambos ganham e competir quando a sobrevivência está em jogo.

A competição é combustível essencial para cientistas, e parece mais forte do que a busca desinteressada da verdade: o sonho de consumo de um cientista é desbancar a teoria de seu colega mais proeminente – o orangotango mais forte.  Mas, mesmo para competir, o cientista precisa estabelecer uma complexa rede de relações e um clima de razoável colaboração e convivência dentro de seu laboratório.

Colaboração e competição não são opostos, são faces da mesma moeda – dois aspectos complementares de nossa personalidade, frutos de nossa condição humana.

Comunicado da Redação – Ariquemes Online
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