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Porto Velho a Manaus de barco; 4 dias e 3 noites – confira

Publicado em: 24/06/2017 - 12:00
Porto Velho a Manaus de barco; 4 dias e 3 noites – confira

A viagem começou assim que chegamos a Porto Velho. Nem tivemos tempo de conhecer melhor a cidade. O barco estava para sair, e ainda haviam vagas. Mas teríamos pouco tempo para nos organizar. Comprar as redes onde iríamos dormir nestas 3 noites de viagem, providenciar os alimentos para os 4 dias de navegação, comprar uma marmita pra nosso almoço e sacar algum dinheiro pra comprar a passagem.

Como não teríamos tempo hábil pra tudo isso em menos de uma hora, o pessoal do escritório de venda de passagens nos ofereceu uma gentil carona de carro, para ir atrás de tudo isso.

Lendo o livro que ganhamos de presente do amigo José, de Assis Brasil.

Quando chegamos no barco, o pessoal foi muito bacana nos ajudando a subir as bicicletas no terceiro andar, através de cordas e músculos.

Chegando na área das redes, constatamos que o que diziam “Haver vagas” nada mais era do que uma expressão para designar que ainda poderiam espremer mais um cidadão ali no meio. Ficamos com um espaço terrível bem de lado para a mesa onde serviriam as refeições a todos.

Mas ingênuos que fomos! Foi só servirem a primeira janta que percebemos porque ninguém ainda havia armado a rede por ali. A pressa para comer fez com que as pessoas da fila nos acotovelassem, pisassem nas nossas bagagens, nos sufocando naquele espaço minúsculo. Era insustentável ficar por ali. Decidimos então mudar de estratégia. Por um lado, foi bom, mas por outro…

Pegamos nossas coisas e fomos armar nossa rede no último andar. Incrivelmente, estava vazio. Soubemos que era porque ali ficava o bar e ligavam música a maior parte do tempo. Mas ao menos não seríamos soterrados 3 vezes por dia, que era quando serviam as refeições. Mesmo com som, decidimos encarar. Seria mais ventilado e mais espaçoso.

Mineração no Rio Madeira

No início a viagem foi ok. Toda aquela pressa para pegar o barco foi inútil. Esperamos parados no porto mais de 3h até começar a navegar. Logo que começou a girar os motores, a música no bar começou. Era tão alta, mas tão alta, que não chegávamos nem a decifrar o que estavam cantando.

Os primeiros bêbados começaram a dar seus sinais de chatice pouco depois da meia noite. Um deles teve até uma experiência mística em alto volume, estava vendo seu pai, e só gritava isso. Resumindo, só fomos conseguir pegar no sono lá pelas 2h da manhã. Mas, as 6h o bar abriu, e já com música alta rolando… Por aí você já pode ter uma idéia do que foi todo o resto da viagem.

Ribeirinhos, param para ver o barco passar, atração que só acontece duas vezes por semana.

Se pudéssemos fechar os ouvidos da mesma maneira que conseguimos fechar olhos e boca, a viagem teria sido perfeita. Por sorte ainda podemos contar com outros sentidos para experimentar sensações na vida. Acho que se dependesse somente dos ouvidos, eu não teria sido feliz nesta viagem. Então sou feliz por poder ver, ver toda essa beleza natural ao nosso redor.

Foi muito emocionante navegar no Rio Madeira, ver de longe os ribeirinhos vindo para a beira abanar ou simplesmente nos olhar de volta, ver os mineiros descansando nas suas casas flutuantes, ver os botos cor de rosa (que não conseguimos fotografar, humpf!), ver nascer do sol seguido do por do sol, um mais lindo que o outro…Isso sim vez a viagem valer a pena, e superar todo o nervosismo causado por músicas chatas em looping e em volume de estourar tímpanos. Ah se valeu!

Um pouco de descanso para as pernas. Mas nenhum sossego para os ouvidos.

Também foi muito bom ter tempo de pernas pro ar, balançando na rede. Pudemos atualizar nossas leituras, descansar as pernas. Nosso ritmo desde que deixamos Rio Branco foi pedal forte, madrugar, ir até o final da tarde, fazer distância, pois sabíamos que viriam muitos dias de navegação pela frente.

Assim que o sol nasce todos os dias da viagem, deslumbrante! Ao fundo, a delicada faixa de floresta amazônica. Já estamos no estado do Amazonas.

Os mais bonitos finais de tarde da viagem foram a bordo do barco Porto Velho-Manaus.

Sem ter muito o que fazer, crianças tem que inventar alguma traquinagem.

Fizemos alguns amigos no barco, em meio a tanta cerveja, e por estarmos colados ao bar, o pessoal perdia a inibição e vinha conversar conosco.

Mas em geral, a maior parte do tempo ficávamos lendo, já que não conseguíamos mesmo dormir. Um dia pegamos uma tempestade, e as lonas de proteção da chuva não deram conta frente ao vento. O barco chacoalhava bastante e lá se foram as cordas rasgadas. Nossas coisas molharam bastante, já que não tivemos tempo suficiente para guardá-las.

A nuvem negra simplesmente desabou, ninguém viu de onde ela veio. Foi bom pra quebrar a monotonia. Muita gente aproveitou pra tomar banho de chuva, que caia como aos baldes, já que o chuveiro do banheiro do barco utiliza água diretamente do rio Madeira, escura, e o cheiro lá dentro não é nada amistoso. É, foi uma boa tomar banho de chuva mesmo.

Águas cor de chocolate do Rio Madeira.

No último dia, quase chegando ao porto de Manaus, um senhor arrumou encrenca com a esposa. Ambos vinham bebendo a tarde inteira, e pra nos encher o saco, colocaram a caixa de som bem em nossa direção e pediram a moça do bar pra aumentar o volume.

Quando o cara deu uma vacilada, André foi lá virar a caixa pro lugar outra vez. O cara se enfureceu e André disse “Se quer ouvir alto, senta lá com o ouvido colado na caixa de som, não vira essa merd@ pro meu lado não!”. Aí o cara já bêbado, não falando coisa com coisa, protestou e virou a caixa outra vez.

Desistimos de argumentar com bebum e fomos pra ponta do barco, onde o vento levava pra trás o som. Mas o dono do barco sempre vinha expulsar quem ficava por ali, porque dizia que atrapalhava o capitão o barulho de passos. E essa caixa de som absurda, atrapalhando até pensamento, aliás devia estar até matando alguns neurônios! Voltando pras redes, presenciamos o tal senhor bêbado batendo na sua mulher, em frente a sua filhinha.

Muita gente subiu pra ver o barraco, nós ficamos ali nas nossas redes mesmo, mas outras pessoas tentaram apartar a briga, levaram tapas.

Uma hora o bebum quase veio cair em cima de nós, mas alguém empurrou ele a tempo. Aí se seguiu uma ameaça de morte atrás da outra. Mas ninguém com coragem de cumprir. Foi então que o barco atracou no porto e todo mundo ficou ocupado com suas bagagens, sem dar mais nenhum ibope pro fiasco.

Ainda bem que tem boia salva-vidas

Futebol com bola de latinha de cerveja. Só as crianças não caem no tédio dos 4 dias de viagem de barco.

Chegamos em Manaus no final da tarde. Ficamos em dúvida quanto a pernoitar no barco ou contactar nosso anfitrião do Warmshowers. A região portuária parecia um pouco barra pesada, e o barco ali não oferecia nenhuma segurança.

Achamos melhor tentar um contato com o Nicolas. Ao que ele respondeu e prontamente veio nos buscar. Levamos as bicicletas no topo do carro até a sua casa. Foi um grande alívio ter conseguido contato com o Nico. Não dormiríamos nem um pouco sossegados por ali.

Todos diziam para ter muito cuidado com furtos nesta travessia, pois as bagagens ficam somente no chão, sem nenhum tipo de armário para fechá-las a chave. Assim, por estarmos em dois, sempre que um saía para refeições, banheiro ou uma caminhadinha pelo convés, o outro ficava com as mochilas. Mas durante a noite, não havia muito o que fazer.

Chegando em Manaus, a nova ponte e as embarcações em um dos portos.

Em Manaus festejamos o aniversário do André, que caiu no domingo. Nico e Lili nos levaram conhecer o centro comercial da cidade, passamos pelo teatro mas estava fechado, e visitamos as feirinhas de rua onde pudemos provar a famosa bebida “Guaraná da Amazônia”, a qual consideramos o “bolo de aniversário” de André.

Uma bebida deliciosa, que mistura uma montanha de ingredientes energéticos. Dá água na boca só de lembrar…

Praias urbanas de Manaus no final de semana.

Conhecemos também alguns bairros, e uma das mais famosas praias urbanas da cidade, mesmo com dia nublado, estava cheia e movimentada.

André no Teatro de Manaus

 

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Interior luxuoso deste famoso Teatro.

Como teríamos mais dois dias de barco até Santarém, e esperávamos conhecer Alter do Chão também, isso significaria muitos dias parados, fazendo as pernas amolecerem.

Então não fomos a nenhum passeio mais turístico em Manaus, e ficamos poucos dias na capital amazonense. Até porque descobrimos que os passeios são bem caros para apenas um dia de diversão. Mas ficamos com aquela vontade enorme de conhecer as gigantes samaúmas.

Também não fomos a nenhuma tribo indígena, nem nadar com os botos. Já fico contente que as tribos estejam lá sossegados, e os botos idem. Então no próximo barco mais barato pra Santarém, embarcamos.

Grande agradecimento ao Nico, pela incrível recepção que nos deu em Manaus, nos resgatando no confuso porto onde desembarcamos e nos mostrando sua nova cidade.

Muito gratos a Lili, esposa do Nico, por sua simpatia de sempre e acolhida em sua casa.

Um grande abraço pra Nicolas e Lili, sejam felizes na nova morada amazônica! Obrigado por todas as dicas de filmes e troca de informações desse mundo da bike e boas pedaladas!

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