O Jornal Nacional mostra um retrato do pânico provocado por piratas que agem nos rios da Amazônia. Em uma região onde milhares de pessoas dependem de balsas e navios, a ação desses criminosos é um desafio para as autoridades.
A reação dos passageiros no desembarque mostrava que eles ainda não haviam se recuperado de uma noite terrível. O navio vinha de Muaná, na Ilha do Marajó, em direção à Belém, quando cerca de dez homens encapuzados invadiram o barco.
"Chegaram atirando logo, pesado mesmo", conta um passageiro.
A cabeleireira Helen Cabral foi feita de escudo humano por um dos bandidos. "Ele andou comigo por todo o barco, sempre com uma arma apontada para mim e mandando revistar as pessoas, foi terrível", lembra ela.
Os assaltantes estavam muito agressivos. "Botaram uma escopeta na minha cabeça e depois me chutaram", afirma um homem.
"Só agradecer a Deus pela vida dos passageiros que apanharam, como ela", diz a técnica de enfermagem Nilde Martins.
Durante o assalto, um dos passageiros perdeu o equilíbrio e caiu no rio. João Pereira, de 59 anos, foi encontrado na manhã seguinte, na beira de uma ilha. Duzentos e sessenta passageiros foram assaltados.
"Falta um celular, um relógio, um par de brincos, 500 reais e um vidro de perfume", lamenta a doméstica Lindalva Moraes.
A polícia prendeu seis suspeitos e recuperou parte dos objetos roubados.
Os piratas costumam agir de madrugada. Se aproveitam da escuridão e do momento em que muitos passageiros estão dormindo. Geralmente as vítimas são ribeirinhos que vão para Belém levando dinheiro para fazer compras ou bancar despesas com tratamento médico. Numa situação dessa, isolados no meio da baía, é bem difícil pedir socorro. Agora, para os assaltantes, o caminho é livre. Existem 23 mil quilômetros de rios navegáveis na Amazônia.
Os bandidos costumam invadir embarcações que navegam entre Belém, Macapá e Manaus. Os assaltos ocorrem principalmente quando os barcos passam pela Ilha do Marajó, no Pará. Em um ano, a polícia registrou 28 assaltos a balsas e navios na região. Dois passageiros e um tripulante foram mortos.
"Eles estão com um poderio bélico que nos salta aos olhos. Isso, cada vez mais, nos remete a fazer preparação dos nossos policiais. Ano passado, chegamos a efetuar mais de 30 prisões só desse modal de balsas, e esse ano já estamos com 38 pessoas presas”, conta Dilermando Dantas, diretor do Grupamento Fluvial do Pará.
Para navegar na Ilha do Marajó, o comandante de navio Ed Carlos Leal se agarra na fé. "A gente já sai pedindo a Deus que vá em paz e chegue em paz", diz ele.
Comunicado da Redação – Ariquemes Online
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